sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O papel do sono na imunidade

Fonte: House Call, MD

   O sono é uma função biológica fundamental na consolidação da memória, na conservação e restauração da energia, e restauração do metabolismo energético cerebral. É durante o sono que as ondas cerebrais se alteram permitindo o relaxamento do corpo. Nesse período os músculos entram em um estado de profundo relaxamento, ocorrem mudanças no ritmo respiratório, nas taxas hormonais e na frequência dos batimentos cardíacos. Portanto, falar em qualidade de vida é falar em qualidade do sono.
  No Brasil, estima-se que cerca de dez a vinte milhões de pessoas apresentam problemas intermitentes relacionados ao sono, além desses, dois milhões de adultos sofrem de alguma forma grave de alguma doença específica do sono, tal como a apneia, narcolepsia ou insônia. A maioria das pessoas que domem mal hoje é por origem externa. Não só pela falta de ritmo próprio na vida, como no caso dos trabalhadores noturnos, mas também pela quebra do ritmo biológico dos trabalhadores diurnos, devido às perturbações sociais, cada vez maiores nas cidades.
 
Fonte:CBS News
Uma pessoa que apresenta algum distúrbio de sono terá sua vida afetada em escala biológica, o que traz consequências imediatas ao organismo por estarem relacionadas às alterações fisiológicas como cansaço, fadiga, falhas de memória, dificuldade de atenção e de concentração, hipersensibilidade para sons e luz, taquicardia e alteração do humor. Consequentemente o sistema imune do indivíduo também sofrerá com as alterações no sono.

  A interação entre sono e imunidade é estabelecida por bases anatômicas e fisiológicas. Os neurônios e as células do sistema imunológico partilham sinais intercelulares comuns, tais como hormônios, neurotransmissores, citocinas e quimiocinas. Alguns estudos mostraram que a privação aguda de sono (50-64 h) está associada a um aumento temporário da atividade de células assassinas naturais (NK), um aumento no número de linfócitos T-CD4 +, monócitos CD8 +, granulócitos e NK. 
  Ao comparar um grupo de indivíduos com insônia com indivíduos sem perturbações no sono, sendo assim considerados normais,observou-se uma maior quantidade de linfócitos TCD3 +, TCD4 + e TCD8 + e linfócitos totais no grupo de indivíduos normais em comparação com os indivíduos com insônia. Também se observou que o início do período de sono é associado ao aumento do nível de circulação de certas citocinas, substâncias relacionadas com a resposta imunológica do organismo, o que contribui para a explicação o motivo de algumas inflamações e doenças imunológicas, como artrite e asma, exacerba-se à noite. 
  Assim, o sono é um estado comportamental vital dos seres vivos e provavelmente um modulador da função imune. Quando alterado, as consequências biológicas serão as primeiras a aparecerem, depois surgirão alterações funcionais gerais no organismo que vão desde o surgimento de doenças até dificuldades de relacionamento social. Portanto, uma noite bem dormida, com um sono reparador, é fundamental para a saúde e melhoria a qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Carlos Mauricio Oliveira de; MALHEIRO, Adriana. Sleep, immunity and shift workers: A review. Sleep Science, [s.l.], v. 9, n. 3, p.164-168, jul. 2016.

MÜLLER, Mônica Rocha; GUIMARÃES, Suely Sales. Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 4, n. 24, p.519-528, 2007.


Post de João Victor da Silva Bezerra (EQUIPE IMUNO ENSINA)

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Entenda o surto de Febre Amarela no Brasil

 Recentemente o estado de Minas Gerais registrou possíveis casos de Febre Amarela o que deixou em alerta as autoridades do país. Segundo os dados do Ministério da Saúde, desta segunda-feira (30), os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo notificaram 568 casos suspeitos da doença. Do total, 430 casos permanecem em investigação, 107 foram confirmados e 31 descartados. Dos 113 óbitos notificados, 46 foram confirmados, 64 ainda são investigados e 3 foram descartados.
Confira abaixo as principais informações sobre a Febre Amarela.

Fonte: wordpress.com/o-vetor
O que é a Febre Amarela?

 É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes, nesse caso por um mosquito) do gênero Flavivirus. Se não tratada rapidamente, a Febre Amarela pode levar à morte em cerca de uma semana.
Febre Amarela silvestre e Febre Amarela urbana, qual a diferença?
 Os casos de Febre Amarela (FA) no Brasil são classificados como Febre Amarela silvestre ou Febre Amarela urbana, sendo que o vírus transmitido é o mesmo, a diferença entre elas é o mosquito vetor envolvido na transmissão.
 Na FA silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus e os macacos são os principais hospedeiros; nessa situação, os casos humanos ocorrem quando uma pessoa não vacinada adentra uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado.

 Na FA urbana, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre pelo mosquito Aedes aegypti, comum nas cidades e que também transmite a Dengue, o vírus Zika e a Chikungunya.
Na imagem, é possível entender melhor como funciona o ciclo de transmissão do vírus da Febre Amarela.
Fonte: Ministério da Saúde
Como a doença é transmitida?
 A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a  vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. É importante lembrar que não há transmissão direta de uma pessoa infectada para outra pessoa.
 Vale ressaltar que a febre amarela que temos no Brasil atualmente é a forma silvestre, não havendo surtos da forma urbana desde a década de 40. Como sabemos bem, temos aqui o vetor da forma urbana – o Aedes aegypti – em abundância, por isso existe uma grande preocupação em evitar que a febre amarela seja reurbanizada.

Quais são os sintomas?
 As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
Como evitar?
 Devem ser tomadas medidas de proteção individual, como a vacinação contra a febre amarela, especialmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios da doença.Além disso, como os vetores de ambas as formas são mosquitos, não podemos nos esquecer de tomar as medidas profiláticas para seu controle, como evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados.


Post de Ana Maria Nogueira (EQUIPE IMUNO ENSINA)