quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Neuroimunomodulação: 
Influências do estresse sobre o sistema imune


Fonte da imagem:  www.buzzle.com
  A Neuroimunologia ou Psiconeuroimunologia é um ramo da ciência que busca analisar a relação de reciprocidade existente entre o sistema nervoso e os componentes do sistema imune e compreender como os acontecimentos de vida ou as emoções afetam a saúde.
  Diversos estímulos provenientes do sistema nervoso central (SNC) são capazes de atuar na resposta imune, e um dos responsáveis por vários dos elos entre estes dois sistemas é o sistema endócrino, em especial, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). Isso porque, um dos principais mecanismos responsáveis pelas alterações do sistema imune é decorrente da ativação do eixo HPA, que resulta na elevação dos níveis de glicocorticoides circulantes.
  O estresse compreende os inúmeros eventos inespecíficos que alteram a homeostase do organismo. Sabe-se que dezenas de minutos após o início do estresse ocorrem um pico dos níveis plasmáticos de glicocorticoides que resulta em uma imunosupressão associada ao estresse, atribuída principalmente ao aumento dos níveis de cortisol, que atua ao diminuir a proliferação dos linfócitos, interferindo na comunicação entre eles (por inibir a produção de diversas citocinas), inibindo a migração/quimiotaxia de granulócitos, entre outros efeitos.
Fonte da imagem:  www.buzzle.com
  Assim, um indivíduo exposto a diversos estressores possui um sistema imune menos eficiente, o que leva ao aumento do risco de contrair doenças. 
  Dentre os já citados, uns dos mecanismos considerados mais relevantes do estresse sobre a resposta imune é relacionado a alterações no balanço entre resposta humoral (por anticorpos) e resposta celular (por linfócitos), já que, por meio da secreção de glicocorticoides, há um favorecimento da resposta humoral. Nesta situação, existe no paciente em estresse crônico um aumento da susceptibilidade também a alergias e a doenças autoimunes, já que estas são mediadas por anticorpos. 
  Há também estudos de neuroimunomodulação que analisam os mecanismos envolvidos com a progressão de tumores, dentre esses estudos observou-se em humanos a existência de um forte vínculo relacionada à presença do estresse com alterações no sistema imune e a sensibilidade ao câncer.

REFERÊNCIAS:

ALVES, G.J; PALERMO-NETO, J. Neuroimunomodulação: sobre o diálogo entre os sistemas nervoso e imune. Rev. Bras. Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 29, n. 4, p. 363-369,  Dec.  2007. 

ALVES, G.J; PALERMO-NETO, J. Neuroimunomodulação: influências do sistema imune sobre o sistema nervoso central. Rev. Neurocienc., v. 18, n.2, p. 214-219, 2010. 

ZURDI, A.W. "Fisiologia do estresse e sua influência na saúde." Acesso em 24 de setembro de 2016

MAIA, Â. "Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia."2002.

Post de Denise Montenegro da Silva (EQUIPE IMUNO ENSINA)


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

 Microbioma Humano


Fonte da imagem:www.microbiome.a
  O corpo humano é habitado por uma grande variedade de micro-organismos e na maioria das vezes, essa colonização protege a saúde humana, em vez de prejudicá-la. A essa população de colonizadores naturais do organismo humano dá-se o nome de microbiota (GONÇANVES, 2014). Alguns desses colonizadores tem exigências nutricionais muito criteriosas, o que torna inviável seu crescimento fora do corpo humano, ou seja, não seria possível cultiva-los em ambiente laboratorial. Por muitos anos isso foi um obstáculo para grandes estudos sobre a população microbiana humana. Porém, com o recente desenvolvimento da biologia molecular e da bioinformática, passou a ser possível realizar o sequenciamento do material genético dessas populações rapidamente e sem a necessidade de cultiva-los, como era feito tradicionalmente. 


Fonte da imagem:http: whyfiles.org
  Através do sequenciamento genômico, está se tornando possível montar bancos de dados com todas essas informações sobre o material genético desses microrganismos (THE NIH HMP WORKING GROUP, 2009). São esses dados que caracterizam o microbioma humano. Contudo, alguns autores empregam os temos microbiota e microbioma como sinônimos (GONÇANVES, 2014). Atualmente, grandes iniciativas tem sido empregadas na tentativa de identificar e catalogar a microbiota residente no organismo saudável, para que se possa compara-la com o doente. Como exemplo, podemos citar o Human Microbiome Project (HMP). Uma iniciativa de vários centros de pesquisa que visa estudar o microbioma humano através de modernas técnicas biomoleculares.
  Estima-se que a microbiota contabilize dez vezes mais células do que o próprio organismo humano (SAVAGE, 1977). Esses micro-organismos habitam os mais diversos sítios do corpo e acabam impedindo que espécies mais patogênicas se instalem naquele local. O entendimento das relações ecológicas entre a microbiota e o hospedeiro é de suma importância para aprimorar o manejo e tratamento das infecções. Pacientes que sofrem com infecções intestinais recorrentes causadas por uma bactéria chamada Clostridium difficile, por exemplo, são tradicionalmente tratados com antibióticos, o que provavelmente eliminará o agente etiológico da doença. Mas a droga não é seletiva apenas para o Clostridium difficile.

O intestino é o sítio do corpo humano mais densamente colonizado pela microbiota endógena [figura 1.1] e a droga acaba eliminando boa parte dessa população. Ou seja,patógeno é eliminado, mas ao mesmo tempo as bactérias que protegem o intestino também serão dizimadas, o que pode favorecer o aparecimento de novas infecções. Cientes desse problema, a comunidade científica tem buscado alternativas para esse dilema e tratamentos não convencionais vem sendo adotados com sucesso em várias partes do mundo. Apesar de parecer estranho, a solução para o problema citado acima pode ser um “transplante de fezes”. Pois as bactérias presentes no material fecal de um indivíduo saudável podem restabelecer a microbiota normal de um indivíduo doente (NOOD, 2013).  
  Conclui-se então que as formas de tratamento utilizadas até hoje tem se mostrado efetivas até certo ponto, mas com o rápido aparecimento de cepas resistentes as drogas que são lançadas no mercado, fica cada vez mais claro que o modelo terapêutico contra infecções adotado atualmente, está com seus dias contados. A descoberta e aplicação de uma nova droga acaba criando, por pressão seletiva, um micróbio resistente pouco tempo depois. A solução desse problema parece estar mais na manipulação da microbiota residente do que no ataque direto ao agente invasor.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, M. A. P. Microbiota - implicações na imunidade e no metabolismo. Projeto (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2014.

MCDONALD, D; BIRMINGHAM, A; KNIGHT, R. Contex and the human microbiome. Microbiome. San Diego, v. 3, n. 52, nov. 2015.

NOOD, E. V. et al. Duodenal Infusion of Donor Feces for Recurrent Clostridium difficileThe New England Journal of Medicine. vol. 368, pp. 407-415. 2013.

THE NIH HMP WORKING GROUP. The NIH Human Microbiome Project. Genome Research. Maryland, v. 19, n. 12, p. 2317-2323, dez. 2009.

RIBEIRO, A. A. et al. Microbioma humano: Uma interação predominantemente positiva?. UNINGÁ Review. Maringá, v.19, n.1, p. 38-43, set. 2014.

SAVAGE, D. C. Microbial ecology of gastrointestinal tract. Annu.Rev. Microbiol.. Chicago, v. 31 p. 107-133, out. 1977. 

Post de Leonardo Barbosa da Silva (EQUIPE IMUNO ENSINA)