Microbioma Humano
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O corpo humano é
habitado por uma grande variedade de micro-organismos e na maioria das vezes,
essa colonização protege a saúde humana, em vez de prejudicá-la. A essa
população de colonizadores naturais do organismo humano dá-se o nome de
microbiota (GONÇANVES, 2014). Alguns desses colonizadores tem exigências
nutricionais muito criteriosas, o que torna inviável seu crescimento fora do
corpo humano, ou seja, não seria possível cultiva-los em ambiente laboratorial.
Por muitos anos isso foi um obstáculo para grandes estudos sobre a população
microbiana humana. Porém, com o recente desenvolvimento da biologia molecular e
da bioinformática, passou a ser possível realizar o sequenciamento do material
genético dessas populações rapidamente e sem a necessidade de cultiva-los, como
era feito tradicionalmente.
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Estima-se que a
microbiota contabilize dez vezes mais células do que o próprio organismo humano
(SAVAGE, 1977). Esses micro-organismos habitam os mais diversos sítios do corpo e
acabam impedindo que espécies mais patogênicas se instalem naquele local. O
entendimento das relações ecológicas entre a microbiota e o hospedeiro é
de suma importância para aprimorar o manejo e tratamento das infecções.
Pacientes que sofrem com infecções intestinais recorrentes causadas por uma
bactéria chamada Clostridium difficile, por exemplo, são
tradicionalmente tratados com antibióticos, o que provavelmente eliminará o
agente etiológico da doença. Mas a droga não é seletiva apenas para o Clostridium
difficile.
O intestino é o sítio do corpo humano mais densamente colonizado pela microbiota endógena [figura 1.1] e a droga acaba eliminando boa parte dessa população. Ou seja,o patógeno é eliminado, mas ao mesmo tempo as bactérias que protegem o intestino também serão dizimadas, o que pode favorecer o aparecimento de novas infecções. Cientes desse problema, a comunidade científica tem buscado alternativas para esse dilema e tratamentos não convencionais vem sendo adotados com sucesso em várias partes do mundo. Apesar de parecer estranho, a solução para o problema citado acima pode ser um “transplante de fezes”. Pois as bactérias presentes no material fecal de um indivíduo saudável podem restabelecer a microbiota normal de um indivíduo doente (NOOD, 2013).
Conclui-se então que as formas de tratamento utilizadas até hoje tem se mostrado efetivas até certo ponto, mas com o rápido aparecimento de cepas resistentes as drogas que são lançadas no mercado, fica cada vez mais claro que o modelo terapêutico contra infecções adotado atualmente, está com seus dias contados. A descoberta e aplicação de uma nova droga acaba criando, por pressão seletiva, um micróbio resistente pouco tempo depois. A solução desse problema parece estar mais na manipulação da microbiota residente do que no ataque direto ao agente invasor.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES,
M. A. P. Microbiota - implicações na imunidade e no metabolismo. Projeto
(Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Fernando Pessoa, Porto,
2014.
MCDONALD, D; BIRMINGHAM, A; KNIGHT, R. Contex and the human
microbiome. Microbiome. San
Diego, v. 3, n. 52, nov. 2015.
NOOD, E. V. et al. Duodenal
Infusion of Donor Feces for Recurrent Clostridium difficile. The
New England Journal of Medicine. vol. 368, pp. 407-415. 2013.
THE NIH HMP WORKING GROUP. The
NIH Human Microbiome Project. Genome Research. Maryland, v.
19, n. 12, p. 2317-2323, dez. 2009.
RIBEIRO, A. A. et al. Microbioma humano: Uma interação
predominantemente positiva?. UNINGÁ
Review. Maringá, v.19, n.1, p. 38-43, set.
2014.
SAVAGE, D. C. Microbial ecology of
gastrointestinal tract. Annu.Rev. Microbiol.. Chicago, v. 31 p.
107-133, out. 1977.
Post de Leonardo
Barbosa da Silva (EQUIPE IMUNO ENSINA)
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