quinta-feira, 30 de junho de 2016

Oncoimunologia

Célula do sistema imune atacando uma célula cancerígena

 O câncer é uma patologia muito recorrente na vida dos seres humanos na sociedade atual. Essa enfermidade é caracterizada por um crescimento monoclonal (derivado de uma única célula) e desregulado de células normais, nas quais sofreram mutações no seu DNA e se tornaram maléficas ao organismo.
  Nesse contexto, a imunologia tumoral é o estudo da forma que o sistema imune do hospedeiro vai tentar combater essas células modificadas geneticamente e como elas são originadas de células normais do organismo, nossa defesa imunológica ainda tem de criar mecanismos que possam diferenciá-las.
  Dessa forma, a célula tumoral pode possui dois tipos de antígenos, os tumorais exclusivos e os associados a tumores. Sendo este possuindo tanto em células normais, quanto em células neoplásicas. Sendo aquele possuindo somente em células cancerígenas, como o próprio nome sugere. Tendo como base essa classificação, podemos concluir que o nosso sistema imunológico tem de saber lidar com dificuldades enormes de conseguir diferenciar as células maléficas das normais através de diversos mecanismos imunológicos e antigênicos.
  Para dificultar ainda mais a atuação do sistema imune, essas células tumorais possuem mecanismos de escapes em relação às células de defesa. O primeiro é a secreção de substâncias que deprimem a principal linha de defesa que são os linfócitos T CD4+ (LTs CD4+). O segundo consiste o aumento da tolerância, ou seja, criar mecanismos que deixem as células T anérgicas. Finalmente, o último se caracteriza por uma internalização de antígenos para dificultar o seu reconhecimento pelos linfócitos B.
  Existem alguns tratamentos para o câncer, contudo, mais recentemente vem surgindo um tratamento muito satisfatório que se relaciona diretamente com a imunologia, no qual é chamada de imunoterapia, onde age no crescimento específico da principal linha de defesa do nosso organismo (LTs), amplificando a resposta sobre as células neoplásicas e facilitando a atuação sinérgica do sistema imune com os principais tratamentos que são utilizados pela medicina.

Referência:

PALUCKA, A. Karolina; COUSSENS, Lisa M.. The Basis of Oncoimmunology. Cell, p.1233-1247, 2016.

Post de Geraldo Lopes ( Equipe IMUNO ENSINA)



sexta-feira, 24 de junho de 2016



Imunossenescência- O envelhecimento do sistema imune



  Denomina-se imunossenescência o envelhecimento imunológico que está associado ao progressivo declínio da função imunológica e consequente aumento da suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes e câncer. Esse declínio está associado às alterações que podem ocorrer em qualquer etapa do desenvolvimento da resposta imune.        
  Trata-se de um processo complexo multifatorial que envolve várias reorganizações e mudanças no desenvolvimento regulatório, além de mudanças nas funções efetoras do sistema imunológico, caracterizado por ser mais do que simplesmente um declínio unidirecional de todas as funções. As alterações que ocorrem nos idosos, geralmente, cursam de maneira insidiosa. Tal fato propicia uma maior suscetibilidade a infecções, menor resposta a imunizações, maior índice de fenômenos autoimunes, neoplásicos e degenerativos, quando comparados a indivíduos mais jovens
  É importante notar que ambas as respostas imunes, inata e adaptativa, mostram alterações relacionadas à idade que parecem ser cruciais para o envelhecimento saudável e a sobrevida. O estado emocional depressivo leva a redução da resposta imunológica, contribuindo com as doenças mais frequentes no idoso. Atualmente há um grande interesse nos efeitos benéficos do suporte social e como o estresse ou certas características de personalidade podem afetar a longevidade.
  Durante o processo de envelhecimento do organismo humano, o timo, um órgão linfoide primário, sofre involução - processo degenerativo normal observado desde a puberdade- sendo o evento central crítico para as alterações observadas na imunidade adquirida em decorrência do envelhecimento, e ocorre paralelamente a uma inibição na produção do hormônio do crescimento, fundamentais para a maturação dos linfócitos.
  Conforme demonstrado no estudo de Weksler & Goodhardt, na medida em que os organismos vivos envelhecem, mudanças qualitativas na reposta imune humoral ocorrem, passando de altamente específicas contra antígenos estranhos, para mais específicas contra antígenos próprios. Além disso, o processo de formação da memória imunológica através da imunização ativa, por meio de vacinas, mostra-se menos efetivo.
  Estudos apontam que um cardápio balanceado ajuda no processo de envelhecimento saudável além de proteger o organismo evitando problemas mais sérios como as gripes e resfriados que incomodam com maior frequência a população idosa no inverno. Junto a isso, exercícios físicos regulares, mesmo que caminhadas leves são essenciais para manter o sistema imunológico do idoso forte.

Referências:

1. EWERS, Irina; RIZZO, Luiz Vicente; FILHO, Jorge Kalil. Imunologia e envelhecimento. Einstein, v. 1, n. 6, p.13-20, 2008.
2. GINALDI, Lia et al. Immunosenescence and infectious diseases. Microbes And Infection,v. 3, p.851-857, 2001.
3. CAMILLO, Verônica Nunes; PLETSCH, Marilei Uecker. Processo de Envelhecimento do Sistema Imunológico Celular e Humoral na População Idosa. Revista Newslab, p.40-42, 2015.

Post de João Victor Silva ( Equipe IMUNO ENSINA)

quarta-feira, 15 de junho de 2016



Tabagismo e suas consequências 
para o sistema imune

   
   A cada dez minutos morre uma pessoa no mundo devido uso do tabaco, e esse número está aumentado rápido, principalmente devido ao seu consumo associado a outras drogas. O tabagismo está ligado com desenvolvimento de varias doenças, como por exemplo, a pneumonia, que afeta 51% dos fumantes contra 17% dos não fumantes. Além disso, os fumantes têm ricos de desenvolver gengivite, úlceras gástricas, duodenais e o uso crônico do fumo podem duplicar as chances de desenvolver tuberculose. O tabaco possui 2 fases, a gasosa e a particulada, estando ele relacionado as propriedades imunossupressoras , que afetam tanto a imunidade celular quanto a humoral.
    Com relação à imunidade celular, os fumantes de longa data exibem uma taxa de leucócitos elevada de aproximadamente 30% a mais que os não fumantes. Esse aumento está relacionado com a quantidade de nicotina. Em fumantes moderados tem sido observado um aumento de neutrófilos nos brônquios por conta dos componentes oxidativos presentes no cigarro causando uma destruição do pulmão no enfisema, como também houve uma diminuição de linfócitos TCD4 e TCD8, quando comparados com não fumantes.
    A fumaça do cigarro afeta de várias formas os estoques intracelulares de cálcio. A nicotina inibe as ligações antígeno/anticorpos por meio do enfraquecimento da sinalização e da supressão intracelular da resposta ao cálcio. Na imunidade humoral, há uma diminuição sérica de até 20% dos níveis de IgA,IgG e IgM em fumantes, sendo reversível ao parar de fumar, exceto a IgA que não volta a seu nível normal .O tabaco reduz os níveis de complexo de histocompatibilidade de classe 1, impedindo o reconhecimento de certos oncogenes pelo sistema imune., podendo assim, originar células tumorais que não sejam detectadas pelos sistemas.
    Um dos maiores componentes da fumaça do cigarro é a nicotina e sua imunossupressão que é causada pela diminuição do cálcio intracelular. O efeito agudo da nicotina não resulta em mudanças na distribuição celular das células sanguíneas; já a exposição continua provoca supressão mitogênica esplênica. 
    A nicotina pura não tem nenhum efeito carcinogênico quando não associada a algum outro elemento do tabaco. Os componentes do tabaco são: Hidrocarbonetos aromáticos policí­clicos (HAPs), glicoproteínas do tabaco (GPT), alcatrão e alguns metais, de modo geral, possuem atividade estimulatória na fumaça do cigarro. Administração aguda ou crônica da fumaça do tabaco podem tanto estimular quanto inibir a resposta imune.
    Assim, verifica-se que muitos são os malefícios causados pelo tabagismo nos mecanismos de defesa do hospedeiro, bem como em seu sistema orgânico em geral. A principal intervenção no tratamento e prevenção destas consequências é  o abandono do hábito que resulta em efeitos benéficos para a saúde geral do indivíduo.


Referência:
GIUSTI, André Luis. Interferência do tabaco no sistema imunitário- estado atual e perspectivas- revisão da literatura. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p.155-163, 2007.

Post de Rodrigo da Silva Barroso ( Equipe IMUNO ENSINA)