sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Imunovigilância:
Sistema Imune e o surgimento de tumores


Fonte: fineartamerica.com
  
  A proliferação de células normais é cuidadosamente regulada. Entretanto, tais células quando expostas a carcinogênicos químicos, ou seja, de formação de câncer, irradiação e certos vírus podem sofrer mutações que levam à sua transformação em células que são capazes de crescimento descontrolado, produzindo tumor ou neoplasma.
  Um tumor pode ser benigno, quando as células crescem lentamente ou maligno, quando as células multiplicam-se rapidamente e têm a capacidade de “invadir” estruturas próximas ao local de origem, eventualmente matando o indivíduo. Esse crescimento celular descontrolado é devido à ativação dos oncogenes (genes indutores de câncer) e/ou inativação de genes supressores de tumor, que normalmente inibem o crescimento tumoral pela indução de morte celular.
   O desenvolvimento de um tumor pode representar uma falha de imunovigilância – uma teoria fundamentada na premissa de que o sistema imune tem a capacidade de reconhecer antígenos associados a tumores e desenvolver respostas de células T específicas a tais antígenos. A capacidade de intervir e intensificar a ação do sistema imune de modo a se produzir uma resposta antitumoral eficaz, continua sendo uma área de intensa pesquisa clínica. Os tumores são capazes de desenvolver mecanismos de resistência à resposta imunológica gerada pelo organismo e escapar do combate do sistema imune.
  Dentre as táticas de evasão do tumor está a alta taxa de reposição e proliferação das células cancerosas que dificulta um controle efetivo do sistema imune e, assim, algumas células conseguem escapar dos mecanismos de defesa. Um dos principais recursos para o escape encontrado em alguns tipos de tumores é a diminuição da expressão de moléculas de MHC de classe I que afetará a ativação de linfócitos T CD8+ depende da interação entre seu TCR (receptores antígeno-específicos essenciais para a resposta imune) e a molécula de MHC de classe I expressa na superfície da célula alvo.
Fonte: www.kurzweilai
  Outro mecanismo de escape frequentemente encontrado em tumores é a indução da diminuição da expressão de moléculas co-estimulatórias nas APCs (Células Apresentadoras de Antígenos), uma vez que a presença destes receptores na superfície das células fagocíticas é fundamental para a ativação de linfócitos T CD8+ e CD4+ específicos contra o tumor. Dentre as abordagens da imunoterapia está a busca do aumento da expressão das moléculas B7-1 e B7-2,presentes nas células apresentadoras de antígeno, visando à estimulação de linfócitos T específicos contra o tumor. Finalmente, a expressão de algumas proteínas nas membranas de células tumorais pode gerar uma inibição tanto de células NK quanto de linfócitos T CD8+ citotóxicos e consolidar o estabelecimento do tumor.
  Estudos mostram que alguns tipos de tumores expressam proteínas como o TGF-β, que tem um papel importante na supressão da resposta imunológica. Esta citocina, além de apresentar uma importante ação inibitória em linfócitos que infiltram o tecido neoplásico, também modifica a expressão de moléculas de adesão e de seus ligantes em células endoteliais. Desta forma, o TGF-β leva a uma diminuição da chegada  de células inflamatórias para o tecido tumoral, diminuindo a inflamação e consequentemente a resposta imune local. Além disso, alguns trabalhos mostram que o TGF-β apresenta diferentes efeitos dependendo do estágio de desenvolvimento do tumor. Esta citocina, quando presente no início do desenvolvimento tumoral é importante para o escape da resposta imune, mas se presente em momentos mais tardios é capaz de induzir metástase.
  Embora o sistema imunológico realize a imunovigilância contra as células neoplásicas por vários mecanismos, a célula tumoral pode adquirir formas de mascarar possíveis antígenos potencialmente imunogênicos, além disso, com a instabilidade genética vários sistemas de sinalização e apresentação de antígenos podem ter sido desregulados no neoplasma, causando efeitos fenotípicos na expressão de genes e proteínas.

REFERÊNCIAS:

ABBAS, A. K., LICHTMAN, A. H. Imunologia Celular e Molecular, 5º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

GOMES F.R. Marcadores tumorais (alcances e limites). Acta Med Port. 1997;10(1):75-80.

JORDE L.B, CAREY J.C, BAMSHAD M.J, WHITE R.L. Genética Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.

Post de João Victor da Silva Bezerra (EQUIPE IMUNO ENSINA)

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